sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Aula "Magna"

obs.: Magna tá entre aspas pois só é usado esse termo quando é a aula da primeira entrada (fato bizarro por sinal).

A gente tava lá, rolou um café da manhã com frutas e distribuímos o primeiro material do Levante e Cante. Foi um panfleto com o quadrinho que está logo abaixo e mais alguns textos que estão a seguir:


"A educação não muda o mundo, ela muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo."

(Carlos Rodrigues Brandão)


Educação é o meio mais legítimo de construção de uma sociedade. Está para além das escolas e universidades. Vai mais longe do que o conhecimento acadêmico e técnico, de saber somar ou ler. Educação é aprender e ensinar, é se preparar constantemente para a vida, é trocar e construir conhecimento tendo como meta a transformação deste um mundo em um outro melhor.


O grito já não basta, se faz necessária a criatividade, um pouco de música quem sabe, cantar para quebrar as barreiras que nos prendem ao mesmo rumo de todas as coisas.



José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz acabou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora José?
e agora você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio-e agora?

Com a chave na mão,
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José.

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?


(Carlos Drummond de Andrade)


ae ae \o_

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